segunda-feira, dezembro 23, 2019

cidade invisível



Com a cidade vazia, aparecem os invisíveis.

A primeira era uma senhora encurvada para dentro de um latão de lixo. Ao seu lado havia um daqueles carrinhos de comprar frutas nos comércios de rua. Era claro o seu objetivo: fazer a feira.

Um outro que chamou atenção era um rapaz jovem, trajando uma mochila preta. Andar apressado, parando a cada amontoado de sacolas plásticas encostadas nos postes. Ele rasgava os plásticos com uma força primitiva e uma velocidade impressionante, como se estivesse a busca de algo específico. Numa destas tentativas, encontrou uma sacola de papel, dessas médias, de uma ótica, de tamanho suficiente para um par de óculos. Segurou-a em sua mão e a levou contigo, seguindo com os passos velozes. Sentou em um degrau, retirou algo da mochila, acendeu e fumou, usando o recém descoberto objeto como escudo. Tudo muito rápido. Em segundos, o andarilho seguia à próxima montanha de plásticos, rasgando e tentando descobrir algo de útil entre taças de vinho quebradas e roupas usadas. Encontrou um shorts jeans, e parou novamente para admirar aquela peça intacta de tecido.

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