Com a cidade
vazia, aparecem os invisíveis.
A primeira
era uma senhora encurvada para dentro de um latão de lixo. Ao seu lado havia um
daqueles carrinhos de comprar frutas nos comércios de rua. Era claro o seu
objetivo: fazer a feira.
Um outro que
chamou atenção era um rapaz jovem, trajando uma mochila preta. Andar apressado,
parando a cada amontoado de sacolas plásticas encostadas nos postes. Ele
rasgava os plásticos com uma força primitiva e uma velocidade impressionante,
como se estivesse a busca de algo específico. Numa destas tentativas, encontrou
uma sacola de papel, dessas médias, de uma ótica, de tamanho suficiente para um
par de óculos. Segurou-a em sua mão e a levou contigo, seguindo com os passos velozes.
Sentou em um degrau, retirou algo da mochila, acendeu e fumou, usando o recém
descoberto objeto como escudo. Tudo muito rápido. Em segundos, o andarilho
seguia à próxima montanha de plásticos, rasgando e tentando descobrir algo de
útil entre taças de vinho quebradas e roupas usadas. Encontrou um shorts jeans,
e parou novamente para admirar aquela peça intacta de tecido.