quarta-feira, junho 20, 2007

duas semanas


Cheguei em casa com meu brinquedinho novo embaixo do braço. O termômetro marcava 5 graus, mas eu não sentia frio. O ar gelado parecia mais puro, gostoso de respirar. No elevador encontrei o cachorro do vizinho, literalmente, que me recebeu com lambidas e empolgação.
Em casa tentei organizar o caos que estava a pia, a mesa e as diversas roupas espalhadas por todos os cantos do apê.
Entrei num hiato temporal.
Voltei a pensar em projetos esquecidos em gavetas, em contatos perdidos na lista do Gmail, em borrões de eMails que tinha começado a escrever (não enviados porque não poderia me empolgar com as possíveis respostas).
Estava livre para pensar no que quisesse, passar as noites com os livros que criavam camadas de pó na cabeçeira da cama, visitar os sites que há tantos me interessavam, ver os youtubes que a conexão de internet do vizinho me permitissem, baixar os mp3s que há tanto estava com os ouvidos coçando pra absorver.
Já se passaram alguns dias desde que começei a escrever esse post, que nem sei se será publicado. Mas se estiver em algum blog perdido por aí, uma coisa é certa: o brinquedinho funciona e há um sorriso no meu rosto.

Em tempo: a imagem que ilustra essa postagem é a capa do The Nightmare Before Christmas OST [SPECIAL EDITION]. Só baixei a segunda parte, inédito por aqui. Trata-se da releitura da trilha de Danny Elfman, nas vozes de Fiona Apple, Marilyn Manson, Fall Out Boy, Panic! At the Disco e She Wants Revenge. O cd (que foi a música de fundo dessa postagem), comemorativo do relançamento do filme, foi tirado daqui: http://rapidshare.com/files/1590796/TheNightmareBeforeChristmasCD2.rar.

domingo, junho 17, 2007

trilegal



Os blockbusters desse verão são, até agora, as trilogias. Emo-Aranha, Piratas do Cabide, Shake Terceiro (sobre a quantidade abusiva de merchas do filme, que criou até um cardápio exclusivo no McDonald´s).
Mas as trilogias não se restringem às telas de cinema. Nas bancas, chegou a terceira leva de histórias interligadas (antes em dez. 2005 e mai. 2006). Trata-se da interrelação genial entre as 4 primeiras histórias dos principais gibis da Turma da Mônica (Cebola, Casca, Maga e Mô).
Tive sorte de lê-las na seqüência abaixo, e foi a que menos entregou as surpresas desta super-trama, e fez com que os acontecimentos ficassem não-lineares, porém complementares.
O gibi do Cascão foi o ponto de partida. Nos primeiros quadrinhos as gargalhadas imperam. De surpresa à ação, de declarações empolgadas às lagrimas e mais ação: tudo isso só na primeira página! O drama apresentado pelo Cascão é facilmente reconhecível por todos: achar o presente ideal para uma aniversariante. A forma de como suas opções são eliminadas, com a participação de secundários, é hilária. A aventura evolui e sentimos a pressão pelo esgotamento de tempo e de dinheiro do protagonista. A surpresa final é inesperada e divertida e a moral distorcida, perfeita. As empolgações, sobretudo do Cascão, e o nonsense são um capitulo à parte, além da "ponta" do Emerson.
O Cebola sofre nas mãos de Xaveco. História de confusões entre um garoto xereta (Xaveco, em interpretação digna de Oscar) e o Cebolinha, que só cai nas frias do amigo. O Xaveco é um sem-noção sacana, mas é um dos personagens mais humanos da Turma. Ele erra, é mal interpretado, e só faz besteira. Talvez por isso tanta discussão em nome do rapaz: somos todos meio Xavecos. O Cebola estrassadão também consegue nos trazer um sorriso nos lábios em cada entrada. É a mais curta e a menos "relacionada", porém com o maior Caos.
A da Magali é magia pura. Fantástica, com traços à lá Will Eisner. Consegue mesclar elementos da literatura infantil clássica com elementos mauricianos, entregando um produto final completo e complexo. O resultado é criação de um mundo próprio, de realidade paralela, da fantasia e imaginação. Como diria David Cronenberg, um filme (neste caso, uma história em quadrinhos) determina seus parâmetros e após determinados estes, a história deve respeitar os limites e jogar de acordo com as regras. O mundo da imaginação não significa que tudo é possível, mas mais como as coisas acontecem neste universo paralelo; como as histórias se desenvolvem e como as personagens lidam com as situações desta realidade. E criar mundos, ações e personagens coerentes, complexos e interessantes, é algo difícil e raramente atingível; esse gibi é peça rara. Consegue atingir tudo isso, e com mestria. Os personagens funcionam, a fantasia é incrível, e tudo funciona em tempo certo.
Por último, a gorducha. A dentuça tenta convencer Denise a celebrar sua data. História de diálogos entre dois personagens, mais parada e textual, o que causou um certo descontentamento com essa que é a história que “amarra” as demais. Discordo. Esta impera entre as melhores de todos os tempos. Apesar de focado na conversa entre as garotas, há muito movimento, e as expressões faciais estão em seu melhor momento. Aliás, temos uma dupla de personagens completos e redondos (a Mônica dispensa comentários, hehe). O texto, que é o grande destaque aqui, é digno de estudos em pós-graduações.Tive professores que deram aulas com palavras menos elaboradas do que Denise, e com idéias similares ao de seus argumentos de não comemoração do dia de aniversário. Foi a história ideal pra fechar os elos com os outros gibis, e terminar a trilogia em alto estilo.